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Acompanhe a economia mundial e o setor externo brasileiro na Carta de Conjuntura do IPEA, publicada trimestralmente.

Reproduzimos aqui os Sumários das seções de Setor Externo e de Economia Mundial, com os links para os textos completos e para as Séries Estatísticas Conjunturais.

"A pandemia da Covid-19, que atinge o mundo inteiro, teve consequências devastadoras sobre a produção, o comércio mundial e os mercados financeiros globais."


Setor Externo Brasileiro:

Reprodução do Sumário da Seção II da Carta de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) - nº 47, 2º Sem. de 2020:

 

A pandemia da Covid-19, que atinge o mundo inteiro, teve consequências devastadoras sobre a produção, o comércio mundial e os mercados financeiros globais. Como sempre ocorrem em momentos de grande estresse econômico, os investidores correm na direção da moeda americana, provocando desvalorização das taxas de câmbio na maioria dos países. No Brasil, apenas entre o início de março e o início de maio, o real sofreu desvalorização de cerca de 23%, mas a volatilidade dos mercados financeiros tem sido muito alta, o que significa que essa porcentagem pode flutuar bastante nas próximas semanas. Todavia, as taxas efetivas reais de câmbio nos doze meses até março desvalorizaram-se 20%, quando ponderadas tanto pelas exportações como pelas importações.

 

Até março, os efeitos da crise sobre os fluxos de exportação e importação do Brasil ainda foram tímidos – entretanto, em abril, já começaram a se fazer sentir. Com base nas médias diárias, o valor de abril das exportações foi de US$ 18,3 bilhões, praticamente igual ao do mesmo mês do ano passado, com uma queda de apenas 0,3%. No entanto, esse número deve ser olhado com mais detalhe para se compreender melhor o resultado, como será feito em seguida. Com base nas médias diárias dessazonalizadas, percebe-se que as exportações caíram 1,7% em abril, pelo segundo mês consecutivo, e esse valor varia muito quando se observam os fatores agregados. Enquanto os básicos tiveram alta de 6,6% na mesma base de comparação, os semimanufaturados sofreram queda de 7,9%, e os manufaturados, de 23,3%. O aumento das exportações de básicos deveu-se principalmente a uma grande elevação das exportações de soja, com crescimento de 73,5% com relação ao mesmo mês do ano passado, e de café e algodão em bruto, com aumentos de 13,2% e 18,7% na mesma base, entre os produtos agropecuários. Entre os demais produtos, destacam-se as elevações das vendas externas de minério de ferro, com 49%, e alguns outros com crescimentos elevados – entretanto, a maioria teve queda no mesmo período. As importações, por sua vez, já começam a apresentar queda. O valor de US$ 11,6 bilhões ficou abaixo dos US$ 13,6 bilhões registrados em abril do ano passado e, com base nas médias diárias, significou queda de 10,5%. Com base nas médias diárias dessazonalizadas, houve uma queda de 13,7% com relação ao mês anterior. O superavit comercial em abril, portanto, foi de US$ 6,7 bilhões no mês e de US$ 12,3 bilhões no acumulado do ano.

 

O deficit em conta corrente, nos três primeiros meses do ano, ficou em US$ 15,2 bilhões, praticamente igual ao valor observado no mesmo período do ano passado. Em termos de participação no produto interno bruto (PIB), houve um aumento de 3,38% para 4,03%. No acumulado dos doze meses terminados em março deste ano, os investimentos diretos no país, como proporção do PIB (4,49%) continuarem superando o deficit em conta corrente no mesmo período (2,8%). Entretanto, considerando apenas os últimos três meses até março, o financiamento do deficit em conta corrente dependeu de dois fatores que não devem ser recorrentes no tempo. Em primeiro lugar, um regresso de investimentos diretos no exterior extremamente elevado (especialmente em março); em segundo, uma queda de reservas de valor expressivo. Apesar de nossas reservas internacionais ainda estarem num nível bastante elevado, não se pode deixar de notar que, do final de junho do ano passado até o final de março, esse valor já foi reduzido em US$ 45 bilhões.

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Economia Mundial:

Reprodução do Sumário da Seção I da Carta de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) - nº 47, 2º Sem. de 2020:

 

A pandemia da Covid-19 representou um choque profundo sobre a economia mundial, cujo alcance e consequências ainda são difíceis de vislumbrar. As medidas de isolamento social impactaram fortemente a oferta e a demanda por bens e serviços, desorganizando as relações de trabalho, produtivas, de comércio e de crédito. Os mercados financeiros reagiram derrubando as bolsas de valores, valorizando o dólar e desvalorizando as commodities – especialmente o petróleo – diante da expectativa de forte retração da atividade econômica.

 

Os primeiros dados do período pós-Covid-19 já mostram que o impacto foi grande: os índices de gerentes de compras (PMIs na sigla em inglês) desabaram, afetando principalmente os serviços. A única exceção foi a China, onde o ciclo da pandemia já se encontra mais avançado e o índice se recuperou em março. Nos Estados Unidos, caíram fortemente produção industrial, vendas no varejo e indicadores da construção civil residencial. No mercado de trabalho, a perspectiva é de forte aumento do desemprego. As projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) são de que o produto interno bruto (PIB) mundial terá uma queda de 3,0% em 2020 – a maior retração desde a grande depressão dos anos 1930 –, mas que deve se recuperar e crescer 5,8% em 2021.

 

Para enfrentar esse choque, as políticas econômicas vêm sendo intensamente mobilizadas ao redor do mundo. A política monetária voltou à posição “tudo que for necessário” utilizada antes, no período posterior à crise financeira internacional de 2008, incluindo volta dos juros para próximo de zero e expansões quantitativas envolvendo também títulos privados. A política fiscal, por seu turno, tem sido direcionada para aliviar a súbita perda de renda pelas famílias, bem como para garantir empréstimos às empresas de modo a permitir a garantia do emprego e a preservação de seu capital organizacional.

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