As operações de exportação são as saídas de bens, produtos de um país para o outro, configurando a venda de mercadorias nacionais para o exterior. O termo exportações líquidas refere-se à diferença entre o valor total das exportações de bens de um país e o valor total de suas importações

A análise dos dados das operações de exportação dos municípios de Santa Vitória do Palmar e Chuí revela uma transformação econômica profunda ao longo dos últimos anos, marcada pela inversão do protagonismo regional e por uma mudança radical na matriz produtiva. Entre os anos de 2000 e 2011, o cenário era dominado pelo município do Chuí, que detinha 91,4% das exportações da região, enquanto Santa Vitória do Palmar participava com apenas 8,6%. Nesse período, a pauta exportadora era diversificada e focada em manufaturados e processados, com destaque para móveis e suas partes, que representavam 8,7% do total, seguidos por álcool etílico e madeira serrada, ambos com 6,5%, além de produtos de confeitaria e ladrilhos. Em termos financeiros, as exportações líquidas apresentaram um crescimento gradual, saindo de 5,5 milhões de dólares em 2000 para um pico de 7,3 milhões em 2011. 

O cenário começou a mudar drasticamente no período compreendido entre 2012 e 2023, momento em que Santa Vitória do Palmar assumiu a liderança regional, passando a responder por 60,2% das exportações, contra 39,8% do Chuí. Essa fase de transição foi caracterizada por uma forte concentração em produtos químicos e resinosos, especificamente goma-laca e resinas, que sozinhos compuseram 59,81% da pauta exportadora, deixando para trás itens como madeira serrada, papel higiênico e batatas, que tiveram participações menores. Financeiramente, este período registrou uma volatilidade significativa, atingindo um recorde isolado de 33 milhões de dólares em 2015, mas sofrendo quedas acentuadas nos anos subsequentes, chegando a valores próximos de 1 milhão entre 2022 e 2023.

Atualmente, observando os dados de 2024 e as projeções para 2025, a região consolidou-se como um polo de commodities agrícolas, com uma hegemonia quase total de Santa Vitória do Palmar, que agora concentra 99,2% das exportações, reduzindo a participação do Chuí a insignificantes 0,8%. A matriz de produtos foi quase completamente substituída pela presença de um único produto, onde a soja domina 94,25% das exportações, seguida pelo trigo com 4,73%. Essa virada para a agricultura em larga escala resultou em uma explosão nos valores transacionados, elevando o patamar econômico da região para níveis inéditos: as exportações, que antes estavam na casa dos 7 milhões, aproximaram-se de 95 milhões de dólares em 2024 e têm projeção de ultrapassar a barreira dos 100 milhões de dólares em 2025.

 

 

Equipe do ObservaSul 

Graduandos em COMEX: Gabriel Machado Viana; Giulia Cristina Fonseca Ceschi; Professor: Ricardo Aguirre Leal