Hoje (22/07/2021), a cotação do dólar é estabelecida em R$5,21, isso significa que para cada um dólar (US$1), são necessários 5 reais e 21 centavos (R$5,21) para que a troca seja realizada. Então se eu for agora em uma casa de câmbio para comprar dólar pagarei esse preço? O mesmo é válido para o produto adquirido em um Free Shop? Se eu importar, pagarei o mesmo preço? Para responder essas questões é necessário compreender a diferença entre o dólar comercial e o dólar turismo.

Antes de diferenciar os dois conceitos, é importante destacar que no Brasil opera o sistema de câmbio flutuante, de modo que o valor da moeda estrangeira varia de acordo com as forças de mercado, que seriam a demanda e a oferta por moeda estrangeira. Então o preço do dólar varia conforme as pessoas desejam mais ou menos dólares ou conforme o governo estabelece políticas para aumentar ou reduzir a oferta da moeda? EXATO!

No regime de câmbio flutuante os agentes econômicos que operam com as políticas monetárias não interferem no valor da moeda estrangeira, de modo que o seu valor vem da oferta e procura. Uma demanda muito elevada por dólares encarece o preço dessa moeda, depreciando o valor do real. Além disso, o valor que vemos (R$5,21) é definido de forma direta, o que indica a quantidade de reais necessária para comprar um dólar.

A principal definição da taxa de câmbio vem do comércio que o Brasil faz com os seus outros parceiros. O real pode valorizar se as exportações aumentarem de maneira a que mais investidores procurem pelo real brasileiro, por exemplo. É por meio das trocas comerciais (comércio exterior) que surge a taxa de câmbio para o dólar comercial. Já o dólar turismo é a cotação da moeda que é negociada entre os interessados em trocar uma moeda pela outra, como nas casas de câmbio.

Mas é só isso que afeta o dólar? Não. O dólar é afetado por outras razões, seja a taxa de juros vigente no Brasil e fora do país, o superávit ou déficit comercial, os gastos dos turistas estrangeiros no Brasil e o gasto dos brasileiros no exterior, as reservas cambiais, as expectativas dos agentes econômicos que investem no Brasil (e os investimentos de brasileiros fora do país), as crises financeiras e a economia dos EUA e do mundo.

E porque o dólar americano é referência mundial, isso é explicado pela força da moeda. Antes, a libre esterlina do Reino Unido era a referência. Atualmente, ao longo do século 20 a economia norte-americana cresceu e ganhou grande parcela no comércio internacional, fortalecendo sua economia após as guerras mundiais na Europa até tornar-se a maior economia global. Por isso o dólar dos EUA tem grande poder de influência sobre os demais países. Mesmo com as grandes recessões e crises econômicas, o dólar mantém grande confiança internacional.

Após entender todos esses detalhes, finalmente é explicada a diferença entre o dólar comercial e de turismo. O dólar comercial é a cotação “real” da moeda americana, usada em transações comerciais, como a compra e venda de mercadorias entre empresas brasileiras e estrangeiras. Além disso, ele também é usado para várias outras movimentações. Um exemplo são os empréstimos de brasileiros em outros países registrados no Banco Central.

Já o dólar turismo é aquele que comprado na casa de câmbio quando deseja-se viajar para o exterior. Bem como, é o aquele que utilizado ao comprar alguma coisa em sites internacionais, como passagens aéreas, ou em free shops. Ele é mais caro que o dólar comercial pois tem o acréscimo do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), além dos custos operacionais para que a moeda chegue até a mão do consumidor. Esses custos envolvem, por exemplo, o transporte dos dólares dos EUA até o Brasil e depois até a casa de câmbio, além da manutenção da segurança da moeda em cofres. Portanto, é justamente por isso que há uma diferença na cotação do dólar comercial e do dólar turismo.

 Equipe: Michelle Marcia Viana Martins, Tobias Moreira Ramos e Gabrielle Silva Cruz.