Nas operações de importação dos municípios de Santa Vitória do Palmar e Chuí, observa-se uma trajetória econômica marcada por oscilações bruscas de valor e uma inversão completa na liderança regional ao longo das últimas duas décadas. No período inicial, compreendido entre 2000 e 2011, Santa Vitória do Palmar detinha o protagonismo das importações com 61,4% do volume, enquanto o Chuí respondia pelos 38,6% restantes. A pauta de importações dessa época era bastante heterogênea, composta principalmente por veículos aéreos (20,11%), tubos e acessórios (15,13%) e materiais de construção como cascalhos e pedras (13,44%), além de itens curiosos como sementes e frutos e artigos de vestuário. Em termos financeiros, esse período manteve uma média modesta na casa dos milhares de dólares, com uma exceção notável em 2009, quando as importações saltaram para mais de 1 milhão de dólares.

A segunda fase analisada, de 2012 a 2023, representa o momento de maior volume financeiro na história recente da região, sugerindo um período de grandes investimentos em infraestrutura. Embora a divisão regional tenha se equilibrado, com Santa Vitória do Palmar mantendo uma leve liderança de 52,3% contra 47,7% do Chuí, o destaque foi a mudança na tipologia dos produtos e nos valores. A pauta passou a focar em partes de máquinas elétricas, construções e quadros elétricos. O ano de 2015 foi um ponto fora da curva, registrando um recorde histórico de 35 milhões de dólares em importações, um valor exorbitantemente superior à média histórica, seguido por uma queda abrupta nos anos seguintes, onde os valores despencaram para perto de zero entre 2020 e 2023.

No cenário atual de 2024, houve uma mudança econômica local: o Chuí assumiu a hegemonia absoluta das importações, concentrando 99,9% das operações, enquanto a participação de Santa Vitória do Palmar foi reduzida a um valor residual de 0,01%. A pauta de importação de 2024 é dominada massivamente por partes de máquinas elétricas, que representam 69,97% do total, indicando uma demanda específica provavelmente ligada à manutenção de equipamentos ou comércio de fronteira, seguida por itens menores como instrumentos de geodésia e meias-calças. Apesar dessa concentração no Chuí, o volume financeiro retornou a patamares mais baixos, com cerca de 600 mil dólares em 2024 e uma projeção de queda para a casa dos 200 mil em 2025, longe dos picos milionários da década anterior.

Equipe do ObservaSul 

Graduandos em COMEX: Gabriel Machado Viana; Giulia Cristina Fonseca Ceschi; Professor: Ricardo Aguirre Leal